Era domingo, uma semana após deslizamentos provocarem várias mortes em Sapucaia/RJ, mais de trezentas pessoas estavam abrigadas numa mesma escola, sem a esperança de poder um dia voltar para casa, desabrigados. Enquanto um grupo se reunia para consolar as vitimas, uma senhora dizia sem nenhum constrangimento: “Minha igreja é grande, se quiséssemos poderíamos fazer um bom trabalho com esta gente, mas não dá, estamos em festa na nossa igreja.” A tal “irmã” pertencia a uma igreja que ficava num bairro próximo.
Parece repulsivo, desumano, certamente nem um pouco cristão. Entretanto, catástrofe após catástrofe, as igrejas permanecem inertes, “celebrando”, festejando, abrindo as portas domingo após domingo para cultuar a um deus criado, incapaz de transformar suas vidas. Indiferença, insensibilidade.
Sob os escombros, e os lares levados, sonhos sepultados ao som da comunidade cristã que clama egoistamente pelo cumprimento da “promessa”, pela manifestação do milagre. Se há um motivo pelo qual as vitimas dos desastres continuam desabrigadas, é porque o Cristo não encontrou abrigo nos corações que dizem que O adora.
Certamente quem não O conhece, não conseguirá enxerga-Lo sob os escombros dos templos. Dar um abrigo para o Cristo, é dar um abrigo para o pobre, para a viúva e para os desabrigados.
“Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas.“ Amós 5:23
Gustavo C. Martins