Olhar, Contemplar e Compreender...

“Então, entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Jo 20.8

"Estamos perecendo não por falta de maravilhas, mas por falta de admiração", dizia o grande escritor Chesterton.  Pode ser que quando escreveu isso ele não imaginasse como o “desenvolvimento” da humanidade nos criaria tantas distrações e preocupações, que contemplar a criação e a revelação de Deus em tudo que vemos seria praticamente impossível. Para completar o pensamento que permeia esse texto cito ainda Leonardo Boff: “Todo ponto de vista é a vista de um ponto”.


Podemos ter diferentes interpretações e percepções de qualquer coisa, inclusive nos textos que lemos. Num dos momentos de estresse no trabalho abri uma velha Bíblia de tradução antiga, fui “distraído” por um asterisco (*) que marcava a palavra “viu” três vezes no capitulo vinte do evangelho de João. A tradução chamava a atenção do leitor para explicar que apesar de ser usada três vezes a palavra marcada, em seu idioma de origem (grego), se tratava de três palavras diferentes.


Uma melhor tradução para os verbos que aparecem nos versos 5, 6, 8 seriam ao invés de apenas ver, respectivamente olhar, contemplar e compreender. O texto tratado em questão, narra o espanto de dois discípulos que ao chegar ao tumulo de Jesus o encontra vazio. Um dos discípulos “olha” de fora do tumulo o linho que envolvia o corpo de Cristo, o segundo discípulo, dentro do tumulo “contempla” o linho, após isso o primeiro discípulo agora dentro do tumulo “compreende” que Jesus havia ressuscitado e assim consegue crer.

A minha oração é que eu consiga parar de apenas olhar as coisas e começar a contemplá-las, para que assim eu possa compreender o Cristo que vive e que me permite ter vida.


Gustavo C. Martins

As Misericórdias do Senhor (Parte II)

“...pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!” Lamentações 3 : 22b – 23.


   Cristo nos ensina que as crianças são o exemplo a ser seguido. Tenho dois sobrinhos pequenos, e me surpreende a capacidade incrível que eles possuem em conseguir furar pelo menos uma bola de futebol por mês. O mais novo tem apenas sete anos e em pleno século 21 consegue ficar o dia todo brincando na praça. Digo isto porque a tecnologia criou celas para a humanidade, celas dentro das nossas próprias casas. Temos as chaves, mas como diriam as palavras do cronista, “perdemos muito tempo nos umbrais da janela e gastamos muito pouco a soleira da porta”.
 
   Olhar meus sobrinhos me remete a minha infância, eram dias áureos, corridos nas areias pretas do campinho ao lado de casa. Nesse nem tão distante tempo, ter um bola de futebol era como morar na beira da praia em país de clima quente. A areia preta fazia com que tomássemos atitudes meio sem sentindo, como lavar a bola quando chegávamos em casa para que ela parecesse sempre nova. Ah sim, os arranhões, cada um deles podia contar uma história, como se fossem a narrativa de uma partida de futebol.

   As bolas de futebol nunca envelheciam, furavam antes disso. Não adiantava, por maior que fosse o cuidado, elas sempre furavam, e com elas se esvaziava a nossa alegria. A constância com que isso acontecia fazia-nos pensar sempre que não ganharíamos uma bola nova. Por isso, cada vez mais os cuidados eram redobrados, em vão, elas insistiam em furar, bolas de todas as cores, de diversos tipos de materiais. Incrivelmente havia sempre um pai misericordioso, que mesmo imerecidamente, nos presenteava com uma bola nova.


   Ganhar uma bola de futebol naquelas condições proporcionava-me alegrias impares, assim como me alegro em saber que dia após dia, as misericórdias do Senhor se renovam sobre minha vida. Por mais que eu tenha todo cuidado, por mais que eu me esforce ao máximo para me resguardar, sempre ao amanhecer precisarei das misericórdias do Senhor para me fazer lembrar que só terei alegria completa se essa me for concedida pelo Pai.



Gustavo C. Martins

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