As Misericórdias do Senhor (Parte II)

“...pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!” Lamentações 3 : 22b – 23.


   Cristo nos ensina que as crianças são o exemplo a ser seguido. Tenho dois sobrinhos pequenos, e me surpreende a capacidade incrível que eles possuem em conseguir furar pelo menos uma bola de futebol por mês. O mais novo tem apenas sete anos e em pleno século 21 consegue ficar o dia todo brincando na praça. Digo isto porque a tecnologia criou celas para a humanidade, celas dentro das nossas próprias casas. Temos as chaves, mas como diriam as palavras do cronista, “perdemos muito tempo nos umbrais da janela e gastamos muito pouco a soleira da porta”.
 
   Olhar meus sobrinhos me remete a minha infância, eram dias áureos, corridos nas areias pretas do campinho ao lado de casa. Nesse nem tão distante tempo, ter um bola de futebol era como morar na beira da praia em país de clima quente. A areia preta fazia com que tomássemos atitudes meio sem sentindo, como lavar a bola quando chegávamos em casa para que ela parecesse sempre nova. Ah sim, os arranhões, cada um deles podia contar uma história, como se fossem a narrativa de uma partida de futebol.

   As bolas de futebol nunca envelheciam, furavam antes disso. Não adiantava, por maior que fosse o cuidado, elas sempre furavam, e com elas se esvaziava a nossa alegria. A constância com que isso acontecia fazia-nos pensar sempre que não ganharíamos uma bola nova. Por isso, cada vez mais os cuidados eram redobrados, em vão, elas insistiam em furar, bolas de todas as cores, de diversos tipos de materiais. Incrivelmente havia sempre um pai misericordioso, que mesmo imerecidamente, nos presenteava com uma bola nova.


   Ganhar uma bola de futebol naquelas condições proporcionava-me alegrias impares, assim como me alegro em saber que dia após dia, as misericórdias do Senhor se renovam sobre minha vida. Por mais que eu tenha todo cuidado, por mais que eu me esforce ao máximo para me resguardar, sempre ao amanhecer precisarei das misericórdias do Senhor para me fazer lembrar que só terei alegria completa se essa me for concedida pelo Pai.



Gustavo C. Martins

1 comentários:

Elza Claudiano 27 de outubro de 2011 às 13:32  

Mesmo que parece que o menino cresceu, este ainda continua nos braços do Pai! Ele sempre cuida!

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